terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

e a coisa vai indo

escrevo em 26 de fevereiro, a exatos 12 dias de uma pré-estréia, 19 da abertura para o público, própriamente dita.

o frio na barriga só vai aumentar até lá. as responsabilidades e cobranças, também. não há tempo, motivo ou desculpas para atrasos, faltas, esquecimentos.

o texto deverá estar decorado, a marcação (movimentação do ator em cena, para quem não é de teatro) não poderá ser gratuita, deverá encontrar o motivo para acontecer. tudo o que era possível foi previsto e orientado. agora é com cada atriz e ator. e tome noite em claro, tome ansiedade, tome estafa.

não estafa, não. a gente não tem esse direito.
o artista, no palco, realizando a única coisa que ele tem que realizar - o espetáculo; tudo mais é a preparação para ele - não tem certos direitos básicos de que os outros mortais desfrutam. não, não tem a ver com legislação trabalhista (a qual, aliás, traz determinações a esse respeito que, em tese, aplicar-se-iam ao pessoal de teatro).
só que, neste nosso mundo, as coisas são um pouco diferentes. é de nossa marca e tradição superar esses desconfortos. nem há, no nosso caso, inclusive, um poderoso-empresário-capitalista-implacável que nos acorrente a pão e água. nós sabemos o quanto de superação é exigida de quem se aventura a montar uma peça teatral. tem sido desse jeito, ao longo dos séculos.

não se trata de masoquismo ou sacerdócio. é que o teatro é assim. e, quase numa definição, isso já separa quem é ou não desse meio. você pode cursar uma boa escola, uma universidade, se quiser; montar um espetáculo, dois, tentar dedicar-se a essa careira durante um tempo... mas, quem não é do ramo, não é. não haverá glamur que pague o sofrimento.

agora, tem uma coisa: para quem é dessas águas, não haverá sofrimento nenhum.

é simples assim.

oroboros estreará na data marcada. estamos a cada dia mais prontos. todas as condições para a realização do espetáculo foram providenciadas, ainda que com tempo ou recursos exíguos. aproxima-se a hora H e o grande prazer é sentir o espetáculo vivo, pulsando em nossas veias, doido pra explodir no palco. stamos quase lá. e é bom demais!